sábado, 18 de dezembro de 2010

Augusto Dos Anjos


Poeta Agusto dos Anjos, Livro: EU
página 51 :

Solitário

Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta.
Por trásdos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta . . .
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incizivas corta !

Mas tu não vieste ver minha desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-Velho caixão a carregar destroços-

Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos !

Nenhum comentário:

Postar um comentário